quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ó Máior!

"Tás-te a meter comigo ó máior?"

Foi esta a primeira frase dirigida a mim que incluía a palavra "Máior". Esta situação remonta à década de 90, no meu 7º ano. Não me lembro por que razão o gajo me disse isso, mas tenho a certeza que não me estava a meter com ele, pois eu era um tipo pacífico, para além de lingrinhas e medricas.

Mas lembro-me na altura, que não percebi bem se ele me estava a oferecer porrada, a elogiar-me, ou ambos.

Ora bem, penso ser claro que há uma certa hostilidade na forma como ele se dirige a mim a perguntar se me estava a meter com ele, isso é inegável, mas de seguida surge o "Máior", que criou um mim bastante confusão, até porque eu era de facto mais alto que ele ( o que era raro acontecer pois eu era um puto pequenino ) ou seja, ele queria bater-me mas ao mesmo tempo tratou-me com respeito, reconhecendo, perante todos, que eu era maior que ele.

Por alguma razão, acabou por não me bater, talvez por ter usado a minha técnica para afastar rufias, que consistia em deitar-me no chão e fazer-me de morto.
Ao longo dos anos fui percebendo que quando alguém chama outra pessoa de "Máior", não é bom sinal, mas não consigo deixar de pensar nesta palavra como um sinal de respeito no meio da confusão.

P.s- ( quem for sensível não leia o próximo p.s )

P.s para maiores de 18- Também demorei algum tempo a perceber a lógica da frase "Vai pró caralho que ta foda". Lembro-me de me dizerem isto a meio de um jogo de futebol e eu ficar ali no meio do campo de braços abertos sem perceber exactamente o que era suposto eu fazer.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Knowing, com o careca cabeludo

Ontem fui ver o Knowing, cujo título em português é "Sinais do Futuro" e não "Sabendo", para desilusão minha, e devo dizer que saí de boca aberta. Não fui com nenhuma expectativa ver o filme, até porque deixei de gostar do Nicolas Cage desde que ele resolveu ser careca visto de frente e cabeludo visto de trás, mas tenho de gabar algumas cenas daquele filme, entre as quais a que mostro através do link, a cena da queda do avião.
Neste video a cena não é mostrada na íntegra, mas depois disto, há uma grande plano de sequência do Cage a caminhar pelos destroços a tentar salvar pessoas a arder, uma cena algo chocante mas muito bem feita na minha opinião. Há muito tempo que não ficava tão entusiasmado com uma cena de um filme.
É bem possível que se a vir mais vezes deixe de gostar dela, e descubra montes de falhas, por isso vou evitar vê-la muitas vezes, para deixar a magia no ar.

http://www.youtube.com/watch?v=LDqfmEd4fQ8&feature=related

P.s- Estraguei tudo, vi a cena de novo e reparei que o olhar do polícia em relação ao avião está errado. Tirando isso, está grande cena.

A mulher que afirma estar viva

Uma das vantagens de estar desempregado é ter a oportunidade de ver o Você na Tv.
E hoje o programa foi particularmente interessante, e eu percebi isso quando Cristina Ferreira anunciou: "A nossa próxima convidada tem 96 anos, mas continua a dizer...que está viva! "

E quando a senhora entra, para surpresa minha, agiu como se estivesse realmente viva, falava, sorria, chorava... o que para mim é uma estupidez, pessoalmente odeio pessoas que dizem que estão vivas, quando sabem que não estão.

Enfim, é o país que temos, o sócrates que não ponha mão nisto.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Como socializar...

A semana passada fui ver o Porto-Manchester, e para dizer a verdade foi a primeira vez que pus os pés no Estádio do Dragão. O ambiente estava fantástico com os adeptos do Manchester a gritar durante todo o jogo, e os portugueses a mandá-los à merda, e a minha namorada ao meu lado a insultar de forma violenta o Ronaldo. Para terem uma noção do quão malcriada é a minha namorada, o pior insulto dela nessa noite foi "Ronaldo, és feio!". Ora, como adepto de futebol acho deplorável deixarem entrar este tipo de pessoas que só vão ao futebol para o estragar com insultos da pior espécie.



Pelo meio, muitos nervos, lances falhados, o golo do Cristi, e um Hulk a fazer a pior exibição do ano. E foi o Hulk que me permitiu tentar inserir-me no ambiente à minha volta, cheio de malta a expressar a sua indignação contra tudo e contra todos. Foi numa das asneiras do Hulk que tive a oportunidade de me virar para um gajo à frente e dizer "Este Hulk para o ano tá no Manchester", obtendo como resposta uma breve risada (provavelmente falsa) do simpático senhor, que de seguida se virou para a frente e nunca mais me falou. Apesar disso, naquele momento eu pensei para mim: "Sinto-me parte da sociedade!", pensamento esse que foi interrompido pela minha namorada a chamar racista ao árbitro por ter marcado uma falta cometida pelo Cissokho.



Hoje tive outra oportunidade de me sentir inserido na sociedade.

Fui ao hospital saber o resultado de umas análises (está tudo bem, não se preocupem), e cheguei lá às 8h50, para a minha consulta que estava marcada para as 9h.

Eram 9h30 e uma enfermeira vem à sala de espera interromper a conversa de uma velhota que tinha vários problemas de saúde e uma filha que estava a estudar medicina, para dizer que todos os médicos estavam numa reunião, e que ainda demorariam meia hora a começar as consultas.

Gerou-se o pânico. Grupos começaram a formar-se. Num canto um grupo planeava invadir a sala de reuniões com tochas a arder, noutro canto um grupo ensaiava cânticos de protesto, ali ao lado estava eu e mais uns velhotes em silêncio a observar o resto das pessoas, e no outro canto estava ainda senhora a continuar a conversa sobre a filha. Foi naquela altura que eu vi a minha oportunidade de me inserir naquela indignação tão típica dos portugueses. Quando me preparava para dizer "Isto é brincar com a cara das pessoas", eis que uma senhora se antecipa e diz exactamente o que eu tinha em mente, roubando-me assim a oportunidade de socializar, e eventualmente ser líder de um grupo naquela sala de espera. Filha da mãe!

Na altura pensei "Afinal talvez eu não faça parte desta sociedade... quem me dera que estivesse aqui a minha namorada para dizer a estas pessoas o quão feias elas são!"



Mas não vou desistir, novas oportunidades virão.